quarta-feira, 22 de junho de 2016

Teoria dos Jogos: a arma mais letal contra a máfia das empreiteiras




As palavras “Brasil” e “inteligência” não têm se bicado nos últimos 500 anos. Mais do que um país corrupto, este é um país burro, que glorifica a estupidez.
Um país onde confundem burocracia com disciplina – quando burocracia, na verdade, é sintoma de desordem generalizada. Um país onde empulhadores se dizem “juristas”. Um país onde as auto-escolas que ensinam a dirigir estão entrando em extinção, porque temos uma máfia incentivando a compra da carteira de motorista, que te livra do incômodo de aprender a dirigir antes de obter uma licença para dirigir.
Bom, corta desse país burro e cheio de incentivos torpes para o momento mais importante da Lava Jato inteira: agora, que Odebrecht e OAS montam suas delações.
A atitude mais “brasileira” ali seriam as duas empreiteiras formarem um cartel de delação. Ambas falariam só o estritamente necessário para livrar seus executivos da cana. E sairiam para comemorar com uma orgia gastronômica no Fasano, felizes com suas tornozeleiras eletrônicas e garrafas de vinho de R$ 2 mil.
http://musiclearning.tk/
Mas, olha só, a procuradoria miou essa possibilidade. Os caras avisaram que só vão aceitar UMA das delações. OAS e Odebrecht vão entregar suas respectivas papeladas de confissões. Quem soltar mais sujeira vai jogar tênis em Angra. Quem ficar em segundo, mesmo tendo falado só 1% menos, apodrece na cadeia.
Isso é pura Teoria dos Jogos, a ciência que lida com recompensas e incentivos entre humanos – e que foi obra de John Nash, o matemático que o Russell Crowie lá em cima interpretou em Uma Mente Brilhante.  No contexto da Lava Jato, funciona assim: a Odebrecht não vai aceitar que a OAS se livre dessa. E vice-versa. Não há incentivo mais poderoso para que AS DUAS falem de uma vez o que sabem. Sem lenga-lenga de advogado, sem empulhação, sem negociata. Ou fala tudo ou fala tudo. E torça para ter falado mais que o outro.
Essa situação é uma variante do “Dilema do Prisioneiro” – um conceito central na Teoria dos Jogos. No Dilema original, você tem dois prisioneiros que foram cúmplices num crime. Vamos chamá-los de Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro. Se Marcelo delatar Léo, é solto – mas só se Léo, que está em outra sala de interrogatório, não delatar Marcelo. Léo, que não quis colaborar com a polícia, pega 30 anos de prisão e Marcelo acaba livre.
Se a situação for inversa, com Léo dedurando Marcelo, e Marcelo fechando a boca, quem se livra é Léo. E Marcelo é quem passa 30 anos preso.
Caso os dois se dedurem mutuamente, cada um pega só 15 anos. Se os dois ficarem quietos, sem colaborar com a polícia, pegam 5 anos.
Nenhum dos dois, veja, tem como se comunicar com o outro para combinar aquilo que seria melhor para ambos: os dois ficarem quietos e pegar só 5 anos de cadeia.
E agora? Se você fosse o Marcelo ou o Léo, o que faria? Ficar quieto seria a melhor opção, mas você não sabe se o outro abriria a boca. E se você ficar quieto e o outro rte delatar, danou-se: você vai passar 30 anos na cadeia, e ainda ver o outro sair livre.
O que você faz, então? A maior parte das pessoas prefere evitar o pior (30 anos de cana) e delatar de uma vez.  Nisso você garante que, na pior das hipóteses, passará 15 anos preso. E, na melhor, sairá livre. Se ficasse quieto, passaria 5 anos preso na MELHOR das hipóteses. E 30 na pior. Logo, o melhor é confessar tudo de uma vez.
Bom, ao propor que só vai dar a liberdade para o grupo de empreiteiros que delatar mais, a procuradoria mata dois coelhos da Teoria dos Jogos. Primeiro, impede que eles combinem qualquer coisa – um dos dois lados vai rodar, então não existe acordo possível. É como se as duas partes estivessem de fato isoladas uma da oura, igual acontece no Dilema do Prisioneiro original. Segundo, como você já leu aqui, a jogada da procuradoria incentiva os dois lados a soltar absolutamente tudo o que sabem, pois não existe outra saída.
É isso aí. Temos um poder público usando a Teoria dos Jogos, uma ciência tão jovem quanto sofisticada, para conseguir o que precisa. Ótimo. Eis uma coisa que torna as palavras “Brasil” e “inteligência” menos antônimas. Que continuemos nesse caminho. Que a nossa tradição de estupidez comece a apodrecer junto com quem perder esse jogo.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

O Dinheiro Virtual

Em 2008, um programador de pseudônimo "Satoshi Nakamoto" criou um sistema eletrônico de pagamento "peer-to-peer" (P2P) e lançou a primeira moeda virtual, o Bitcoin.

O Bitcoin é uma forma de dinheiro, assim como o Real, o Dolar ou o Euro, com a diferença de ser puramente digital e não ser emitido por nenhum governo. Esse sistema tem a vantagem de que os usuários podem efetuar transações entre si, através de um computador ou smartphone, sem depender de nenhuma instituição financeira intermediária, independente da localização geográfica de cada um. O Bitcoin foi a primeira "criptomoeda" onde a criação e transferência é baseada em protocolos de código aberto de criptografia que é independente de qualquer autoridade central.

O Bitcoin foi introduzido ao mundo na forma menos promissora possível: Nakamoto lançou-o como um artigo científico da área de programação. Em 2010, é realizada a primeira transação em Bitcoins: uma pizza por 10 mil Bitcoins. Porém, ainda em 2010, o Bitcoin atingiu a paridade com o Dólar e, em setembro de 2013, um Bitcoin valia 120 dólares. Desde então, a procura pela moeda só aumentou e, em abril de 2013, ela já valia 266 Dólares. Hoje, junho de 2016, 1 bitcoin vale em torno de 590 Dólares, ou cerca de 2.195 reais.

Quem se arriscou a investir nessa tecnologia no seu início se deu muito bem. Em 2009, um jovem chamado Kistoffer Koch comprou 27 dólares em Bicoin, e deixou de lado, sem imaginar a valorização e o crescimento que essa moeda iria ter no mercado. Porém em 2013 ele descobre que aquele seu investimento de 27 dólares valiam então cerca 886 mil dólares.


domingo, 5 de junho de 2016

A maior explosão detonada pelo homem

     A maior arma nuclear produzida e detonada pelo homem foi a bomba de hidrogênio apelidada de "Tsar-bomb", desenvolvida pela União Soviética e detonada no dia 30 de Outubro de 1961, em Nova Zembla, uma ilha no oceano Ártico, em um teste nuclear.
     Em teoria, o projeto original da bomba tinha uma potência máxima de 100 megatons. Porém o projeto teve uma série de reduções do seu desenho original para minimizar a escala de destruição para o teste, de modo que, quando foi detonada, a sua potência era torno de 50 megatons (equivalente a 50 milhões de toneladas de trinitrotolueno). Tal capacidade de destruição equivalia a todos os explosivos usados na Segunda Guerra Mundial multiplicados por dez.
     A Tsar Bomb tinha 27 toneladas, 8 metros de comprimento e 2 metros de diâmetro. Devido ao seu enorme tamanho a bomba não era prática para propósitos de guerra, e foi criada primariamente para ser usada como propaganda na Guerra Fria.
     A bomba foi lançada de um avião bombardeiro. Ela era tão grande que as portas de lançamento e os tanques de combustível das asas do avião tiveram que ser removidos. O bombardeiro foi acompanhado de um avião de observação, que coletou amostras do ar e filmou o teste. Ambos os aviões foram pintados com uma tinta reflexiva especial de cor branca para limitar os danos causados pelo calor gerado pelo teste. A Tsar Bomb foi presa a um pára-quedas de retardo de queda, o que dava a ambos os aviões a possibilidade de voar para pelo menos 45 km de distância do ponto zero de detonação, que era pogramada para detonar a 4000 metros acima da superfície do solo. Só o pára-quedas da bomba pesava mais de 800 quilos.


     A Tsar Bomba foi detonada às 11h32. A bola de fogo gerada pela explosão tocou o solo e quase alcançou a mesma altitude do avião bombardeiro, e pôde ser vista e também sentida na Finlândia, tendo até mesmo quebrado algumas janelas por lá. A explosão da Tsar Bomb foi cerca de 4 mil vezes mais potente do que a bomba de urânio "Little Boy", lançada sobre a cidade japonesa de Hiroshima em 1945. A explosão da Tsar Bomb é ainda mais de 3 vezes maior do que a maior explosão já detonada pelos Estados Unidos, referente ao teste de sua bomba de hidrogênio "Castle Bravo" nas ilhas Marshall no Oceano Pacífico em 1954, que gerou 15 Mt, e cujo teste mal projetado lançou cinzas nucleares que se espalharam e contaminaram partes da Índia, Austrália, Europa, Japão, E.U.A e quase todas as ilhas da Oceania.
     Logo após a detonação da Tsar Bomb, o físico nuclear Andrei Sakharov, um dos cientistas responsáveis pelo desenvolvimento da Tsar Bomb, começou a fazer uma campanha contra as armas nucleares, o que levou à sua dissidência da União Soviética. Ele foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1975. Além disso, o Parlamento Europeu criou o  Prémio Sakharov,  atribuído anualmente para as pessoas e organizações dedicadas aos
direitos humanos e liberdades.
     Em 1963, as duas super-potências assinam um acordo acabando com os testes nucleares na atmosfera, subsolo e espaço.
     As filmagens soviéticas que registraram a explosão da Tsar Bomb podem ser vistas no link seguinte, referente a um fragmento de um documentário
da Discovery, em inglês.



quinta-feira, 2 de junho de 2016

As 200 melhores universidades da Europa em 2016


A revista especializada em educação superior "Times Higher Education" publicou sua lista das 200 melhores universidades da Europa em 2016.
Das dez melhores, sete são inglesas, sendo que as três primeiras são inglesas.

A lista completa está no link abaixo:

Lista das 200 melhores universidades da Europa


As 10 primeiras estã listadas abaixo.
  1. University of Oxford. (Inglaterra)
  2. University of Cambridge. (Inglaterra)
  3. Imperial College London. (Inglaterra)
  4. ETH Zurich – Swiss Federal Institute of Technology Zurich. (Suiça)
  5. University College London (UCL). (Inglaterra)
  6. London School of Economics and Political Science (LSE). (Inglaterra)
  7. University of Edinburgh. (Inglaterra)
  8. King’s College London. (Inglaterra)
  9. Karolinska Institute. (Suécia)
  10. LMU Munich. (Alemanha)
University of Oxford



quarta-feira, 4 de maio de 2016

As 20 universidades no mundo que mais atraem investimentos do setor privado

A "Times Higher Education World University Rankings", fundada em 2004, fornece listas das melhores universidades do mundo segundo critérios de ensino, pesquisa, perspectiva internacional, a reputação e outros.
Em março, a instituição divulgou a lista das 20 universidades que mais atraem investimentos do setor privado. A única universidade brasileira na lista é a PUC do Rio de Janeiro, que aparece numa honrosa 8a posição. A mesma PUC-Rio estava listada entre as posições 500 e 600 na lista anterior de 2015.

Segue a lista das 10 primeiras:

  1. LMU Munich, Germany
  2. Duke University, US
  3. Korea Advanced Institute of Science and Technology (KAIST), South Korea
  4. Johns Hopkins University, US
  5. Anadolu University, Turkey
  6. Wageningen University and Research Center, Netherlands
  7. China University of Petroleum (Beijing), China
  8. Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro (PUC-Rio), Brazil
  9. Istanbul University, Turkey
  10. University of Freiburg, Germany

A lista completa e os valores médios dos investimentos podem ser vistos no site:
https://www.timeshighereducation.com/world-university-rankings/funding-for-innovation-ranking-2016

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Acervo fotográfico do Projeto Apollo

Essa é para os fãs de astronomia‬:
O acervo fotográfico do Projeto Apollo, responsável por levar o homem à lua, está disponível online. São mais de 8 mil imagens, como esta, abaixo, que podem ser visualizadas e baixadas através do Flickr. Vale muito a pena conferir!

www.flickr.com/photos/projectapolloarchive



quarta-feira, 27 de abril de 2016

O gênio excêntrico de Grigori Perelman

Em 2000, o Instituto Clay de Matemática (CMI) lançou um desafio incomum: quem resolver um dos chamdos sete "problemas do milênio", que desafiam a matemática contemporânea, ganha o prêmio de 1 milhão de dólares americanos.
- A conjectura de Hodge;
- A conjectura de Poincaré;
- A hipótese de Riemann;
- A existência de Yang-Mills e a falha na massa;
- O Problema P versus NP;
- A existência e suavidade de Navier-Stokes;
- A conjectura de Birch e Swinnerton-Dyer;
Dos sete, apenas um já foi solucionado. Em 2010, o matemático russo Grigori Perelman (foto) resolveu corretamente a "conjectura de Poincaré", e, como prometido, o prêmio foi amplamente anunciado. Grigori, no entanto, recusou-se a recebê-lo. Outro fato interessante sobre esse excêntrico gênio é que, em 22 de Agosto de 2006, no Congresso Internacional de Matemáticos, realizado em Madri, Perelman foi contemplado com a Medalha Fields, popularmente chamado de "O Nobel da Matemática", tendo ele no entanto recusado a receber esse distinto prêmio.



sábado, 23 de abril de 2016

Cronologia resumida da Teoria das Cordas


  •   Em 1968, o físico italiano Gabriele Veneziano foi o primeiro a explicar a força nuclear forte a partir de uma antiga equação do matemático suíço Leonhard Euler, escrita 200 anos antes, e que na época era apenas uma curiosidade matemática;
  •   A partir do trabalho de Gabriele Veneziano, o físico americano Leonard Susskind foi o primeiro a perceber que a antiga equação de Euller, que descrevia a força nuclear forte, na verdade não descrevia um ponto, mas sim uma estrutura que podia esticar e vibrar, semelhante a uma corda;
  • * A teoria tinha muitas inconsistências matemáticas. Mas em 1973, o físico americano John Schwarz foi o primeiro a sugerir que algumas das inconsistências apresentadas pela teoria podiam ser resolvidas se considerar que as equações estavam lidando com a gravidade, e se reduzissem consideravelmente o tamanho dos já minúsiculos filamentos de energia (das cordas). Era preciso reduzir o tamanho das cordas para uma dimensão bilhões e bilhões de vezes menor do que o tamanho de um átomo. Dessa maneira, ele descreveu matematicamente que a gravidade funcionava no nível sub-atômico.
  •   No início dos anos 80, o físico americano Michael Green une-se a John Schwarz e os dois começam a trabalhar juntos para solucionar as incoerências matemáticas restantes na teoria;
  •   Em 1984, John Schwarz e Michael Green finalmente resolveram a última anomalia matemática que que comprometia a teoria. Pela primeira vez, a Teoria das Cordas teve um impacto enorme na comunidade científica mundial, que passou a considerá-la como uma teoria válida e consistente. John Schwarz e Michael Green eram convidados a dar centenas de palestras ao redor do mundo, falando sobre a "Teeoria de Tudo", já que, pela primeira vez, uma teoria física tinha as propriedades matemáticas para abranger todas as quatro forças existentes na natureza: a força nuclear forte, a força nuclear fraca, a gravidade e o eletromagnetismo.
  •   Nos anos seguintes, os teóricos das cordas haviam tido tanto sucesso que haviam elaborado não apenas uma, mas cinco versões diferentes da teoria, que pareciam estar igualmente corretas. Tinham coisas em comum: todas envolviam cordas vibrando. Mas seus detalhes matemáticos pareciam ser bem diferentes. Isso representava um problema. Afinal, qual das cinco diferentes teorias descrevia realmente o nosso universo?
  •   Em 1995, na conferência anual de Teoria das Cordas, realizada naquele ano na Universidade do Sul da Califórnia, o físico e matemático americano Edward Witten resolveu definitivamente o problema, e mostrou a solução de cada uma das cinco teorias, demonstrando matematicamente que as cinco teorias existentes eram na verdade a mesma teoria (ou cinco maneiras diferentes de ver a mesma teoria). O trabalho de Edward Witten foi tão importante que ganhou o seu próprio nome: "Teoria M".
O cérebro humano é incapaz de imaginar mais de três dimensões espaciais: altural, largura e profundidade, mas a "Teoria M" exigia uma dimensão a mais nas 10 já existentes na Teoria das Cordas, que passou a ter 11 dimensões. Ou seja, além das três dimensões espaciais que conhecemos e mais o tempo, a Teoria das Cordas afirma que existem outra sete dimensões espaciais que não podemos ver. Além disso, devido ao tamanho minúsculo das cordas, muitos físicos alegam que sua comprovação experimental é impossível, tornando a teoria em mera filosofia, e não ciência.
Nas fotos, os professores Michael Green e John Schwartz no início dos anos 80, quando começaram a trabalhar juntos, e o professor Edward Witten na outra foto.








quarta-feira, 20 de abril de 2016

A Descoberta das Supernovas

Dr. Fritz Zwicky foi um astrônomo suíço que fez, nos Estados Unidos, descobertas marcantes nos grandes observatórios contruídos na Califórnia por George Hale. Zwick foi o primeiro astrônomo a levantar a hipótese da "Matéria Escura", mas fez outras importantes contribuições para a astrofísica. Uma delas em parceria com outro imigrante europeu, o alemão Walter Baade. Baade trabalhou no observatório de Hamburgo até 1929, quando ganhou uma bolsa do Observatório de Monte Wilson, onde estava o maior telescópio do mundo na época: o grande refletor Hook, de 2,5m de diâmetro.
Juntos, Zwicky e Baade, resolveram investigar um mistério que intrigava os astrônomos há meio século: em 1885, uma estrela até então desconhecida apareceu na Galáxia de Andrômeda, que na época os astrônomos pensavam ser uma grande nebulos espiral. Naquele tempo, não se compreendia esse tipo de fenômeno, que parecia se tratar de uma nova estrela. Por isso, esta aparição foi classificada como uma "Nova". Nos anos seguintes, várias outras "Novas" foram observadas em Andrômeda, mas nenhuma tão brilhante como aquela de 1885. Quando Edwin Hubble conseguiu calcular a distância até Andrômeda, ficou evidente que a energia liberada naquele evento era gigantesca, bilhões de vezes a luminosidade do Sol. Por isso, era inconcebível imaginar qualquer estrela com uma luminosidade tão alta. Em 1934, Zwicky e Baade propuseram que a "Nova" de 1885 tinha resultado de uma explosão catastrófica de uma estrela muito massiva, uma "Supernova". Eles também fizeram a previsão de que esta explosão deixaria um "remanescente exótico": um objeto com a massa do sol compactado numa esfera de apenas 20 Km de diâmetro, que foi batizado de "Estrela de Neutrôns", cuja existência foi confirmada em 1967. Baade e Zwicky continuaram usando os telescópios californianos para catalogar supernovas em galáxias vizinhas, angariando centenas de descobertas nos anos seguintes. A pesquisa foi fundamental para consolidar a noção de que vivemos em um universo imenso e em expansão, no qual a Via Láctea é apenas uma dentre bilhões de galáxias.
Na foto, o Dr. Fritz Zwicky à esquerda, e o Dr. Walter Baade à direita.



quinta-feira, 14 de abril de 2016

O Nono Planeta do Sistema Solar:



No mês de janeiro deste ano, dois astrônomos, Mike Brown e Konstantin Batygin, do Instituto de Tecnologia da California, publicaram um artigo onde propõem a existência de um nono planeta no Sistema Solar.
Após estudar objetos do Cinturão de Kuiper (a região do Sistema Solar localizada além da órbita de Netuno), os cientistas notaram que as órbitas de 13 objetos do Cinturão têm o periélio (que é o ponto de máxima aproximação do Sol) praticamente alinhados. Brown e Batygin calcularam qual seria a possibilidade desse alinhamento ser apenas uma obra do acaso, levando em conta apenas a influência gravitacional dos planetas já conhecidos. Eles concluíram que a probabilidade de coincidência é muito baixa: 1 chance em 14.285 tentativas. Com este resultado, eles elaboraram uma hipótese de que o alinhamento seria causado pela presença de um corpo celeste de dimensões planetárias ainda desconhecido, localizado há bilhões de quilômetros do Sol. A dupla de astrônomos repetiu as simulações das órbitas dos objetos com a presença do suposto novo planeta e conseguiu explicar o alinhamento dos periélios de 6 dos 13 objetos do Cinturão de Kuiper. Se Brown e Batygin estiverem corretos, um planeta com 10 vezes as massa da Terra estaria a espera de ser descoberto, há 22 bilhões de kilômetros do Sol. O desafio agora é tentar comprovar a hipótese observando o novo planeta, mas isso não é uma tarefa fácil. Há uma distância tão grande, o hipotético "Planeta 9" levaria mais de 10 mil anos para completar uma volta em torno do Sol, e seu brilho estaria no limite da luz que os maiores telescópios do mundo podem detectar. Essa busca pode levar cerca de cinco anos, isso se o planeta realmente existir.
 

Curiosamente, Mike Brown foi o astrônomo que esteve por trás da reclassificação de Plutão na nova categoria de "Planeta Anão" em 2006. Será que ele vai repor o Planeta perdido? Isso só o tempo vai dizer.
Na foto, os Drs. Mike Brown e Konstantin Batygin.


terça-feira, 12 de abril de 2016

Os Discos de Ouro das Voyagers



As naves Voyager 1 e 2, lançadas ao espaço pela NASA em 1977, levaram a bordo cada uma delas os famosos "Voyager Golden Record" (Discos de Ouro da Voyager).

Eles contêm sons e imagens selecionados como amostra da diversidade de vida e culturas da Terra e são dirigidos a qualquer forma de vida extraterrestre (ou seres humanos do futuro distante) que os encontrem.
O conteúdo dos discos foi selecionado por um comitê da NASA chefiado por Carl Sagan, da Universidade Cornell. Sagan e seus colegas reuniram 115 imagens e vários sons naturais, como o registro sonoro de trovões, vento, ondas do mar, e cantos de pássaros e baleias. Além disso, foi incluída uma coletânea musical com obras de diferentes épocas e culturas. Também foram registradas saudações em 55 idiomas e mensagens do então Presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter e do então Secretário Geral das Nações Unidas, Kurt Waldheim. A maioria das músicas é composta de canções folclóricas de diversos países. Há também música clássica, com obras de Bach, Beethoven, Stravinsky e Mozart, além de músicas pop como Johnny B. Goode, de Chuck Berry.

Na capa do disco, há algumas informações simples de como "lê-lo", utilizando a linguagem universal, a matemática.
Se forem encontradas por alguma espécie alienígena, isso só vai ocorrer num futuro muito distante. A "Voyager 1" foi lançada em 1977, passou pela órbita de Plutão em 1990 e deixou o sistema solar em 2004. Dentro de aproximadamente 40.000 anos, a Voyager 1 vai passar a 1,6 anos-luz da estrela AC+79 3888, na constelação de Ofiúco. Portanto, os Discos de Ouro são mais um tipo de cápsula do tempo do que uma tentativa de comunicação com civilizações extraterrenas.